segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma piada e os DHMCM

Ouvi recentemente essa piada:


Cientistas de diversos países se reuniram num Congresso com o objetivo de divulgar o resultado de suas pesquisas. Um antropólogo francês afirmou ter pesquisado em seu país. Escavando em variados lugares, numa profundidade de aproximadamente 20m, recorrentemente descobriu fios de cobre. Concluiu daí, que os Gauleses, há cerca de dois mil anos, já possuiam a tecnologia do telefone.

O pesquisador inglês, animado pelo colega, divulgou também suas pesquisas. Tendo cavado numa profundidade de 40m, em outros diferentes lugares da Inglaterra, descobriu em cada um desses lugares, linhas de pedacinhos de vidro. Conclui que, há quatro mil anos, antes dos franceses, portanto, seus ancestrais já dominavam a tecnologia da fibra óptica.


Nisso, levanta-se o cientista brasileiro, para também dar testemunho ao mundo de suas pesquisas. Assim como os outros, realizou em diferentes locais de seu país, escavações em 20m, nada tendo encontrado. Escavou mais além, próximo aos 40m. Sem encontrar nada, resolveu escavar até os 60m, e de novo nada descobriu. O que o levou a conclusão de que há 6 mil anos, nossos ancestrais, já dominavam a tecnologia sem fio.


Você riu? Na hora eu também não, mas essa piada me fez pensar num artigo do professor André Lemos, em que ele trata dos atuais aparelhos celulares, suas funções e as formas como estes reconfiguram a relação entre o usuário e o espaço público.


Afirma André que, segundo sua capacidade de convergencia midiática, é simplista defini-lo apenas como um telefone móvel. Segundo Lemos, o correto seria conceituá-lo como um “Dispositivo híbrido móvel de conexão multirredes” – DHMCM. Dispositivo enquanto aparato tecnológico e híbrido pela gama de funções que integra: câmera fotográfica, vídeo, processador de texto, computador. Seu caráter de conexão em mobilidade, aliado à utilização de diversas redes (infra, bluetootho, wi-fi, GPS) permite ampliar sua acepção usual.


Ao contrário do que se pensa, o desenvolvimento dessas mídias móveis tem tido como consequência a emergência de experienciações, a partir de novas formas, do espaço público dos grandes centros. Ou seja, por meio de anotações urbanas, leituras de realidade aumentada, “colamos” a informação a um lugar específico e a partir daí há a resignificação do espaço.


Entre muitos exemplos que poderiam ser citados, de projetos realizados ao longo do planeta, citarei o “Define sua Cidade”, de estudantes da Facom – UFBA. Os estudantes colaram QR Codes em alguns cartões postais da cidade. Esses QR Codes, fotografados de celulares, davam acesso a um link onde, ao baixar um arquivo de audio, a poesia “Define sua Cidade” de Gregório de Matos, era recitada pelo escritor Breno Fernandes, ao som de Abismo de Rosas, de Canhoto. Bom, quem conhece a poesia, entende na hora do que se trata o projeto.


Para ter acesso ao artigo de André Lemos clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário